terça-feira, 6 de maio de 2008

PONTO DE VISTA: A criminóloga que foi furtada num bar da cidade do Recife, mais um caso de polícia...

Vcs já repararam que o assunto “violência”, “casos de polícia”, “assalto” sempre dão o que falar?

Citemos como exemplo um acidente de carro ou um atropelo, num breve instante logo uma multidão se junta... Acho que é um misto de curiosidade com compaixão, algo que todo ser humano se coloca “no lugar de”...Enfim, coisas que todos nós, reles mortais estamos sucetíveis de sermos “vítimas” de toda sorte de infortúnios que infelizmente podem acontecer. É como se perante a uma desgraça alheia nós refletíssemos sobre a justiça e as injustiças que permeiam a sociedade, a vida cotidiana.

Aconteceu há poucos dias um “caso de polícia” que achei que valia a pena aqui dissertar...

Literalmente, foi num bar mexicano, cenário quase tendendo ao “kitsh”, com cores fortes vermelho e verde-bandeira, pencas de alho pendurados (lembrava também algo de uma cantina italiana), estávamos as quatro amigas, degustando “taquitos”, e a bater longos e animados papos...

Amenidades à parte, resolvemos seguir nosso rumo, pois já se fazia tarde da noite.

Há 3 quadras dali, Bane, a especialista em “criminologia”, recém-chegada de suas teses de direito penal se deparou com a falta de seu celular, objeto este de suma importância para o seu trabalho.

Retornando ao bar, ela perguntou a dois casais que estavam na mesa ao lado, sentados, a previsível pergunta:

- Vocês viram meu celular?

Clarice respondeu:

- Um que tinha capa dourada?

Bane:

- Sim.

Clarice:

- Teve uma garçonete, de cabelo preto, que perguntou se era nosso, eu disse que não...

...

A INVESTIGAÇÃO – PARTE 1

O grupo da polícia federal era formado por nós, totalmente ecléticas, da área de humanas e saúde: eu, Bane, Juju e Cacá.

Juju e Cacá, as “peritas criminais” do grupo, se lembraram que ao depararmos com a falta do celu, eu havia imediatamente ligado para o número de Bane e o celular já estava desligado, ou seja, houvera, por parte de quem achou uma má intenção de não querer ser encontrado...

...

Continuação.

Bane :

- Você se lembra de quem era?

Clarice:

- Bom, foi aquela moça ali e apontou com toda a veemência e certeza nas suas convicções.

...

A INVESTIGAÇÃO – PARTE 2

Bom, não precisava ser nenhuma “Sherlock Holmes” pra saber que o mistério estava mais que desvendado, mas o grande “pró” foi o que se sucedeu depois.

O gerente foi chamado para dar seu parecer, afinal ele mais do que ninguém tinha que tomar uma atitude do causo. Ele, com sua passividade interminável foi contando todos os casos de furtos que já se sucedera nos bares que ele havia trabalhado, enfim... Parecia não querer tomar nenhuma atitude e foi logo perguntando pra gente:

- Vocês querem que eu chame a Polícia?

...

Continuação.

A essa altura do campeonato o “circo” estava montado:

O gerente, as duas garçonetes, as duas testemunhas (uma delas, a Clarice), eu, Bane (a vítima), Juju, Cacá, o Segurança que nada fazia, enfim...

Mais parecia um cenário do filme de Almodóvar(?), do tipo: O cozinheiro, o ladrão, a mulher, o amante...

Ou seria um misto de filme policial com novela mexicana?

Ironias à parte, não sabíamos mesmo o que fazer, pois mesmo após todas estas evidências ela (a garçonete) não se rendia a simples atitude de falar a verdade.

Daqui há pouco ouve-se uma perplexa contestação:

- Daqui não saio. Daqui ninguém me tira. – Desabafou Juju – Só saímos daqui com o celular.

Logo em seguida, Clarice foi tomando ainda mais o partido da situação, já calamitosa e um tanto constrangedora, por assim dizer.

- Gente, foi ela, foi ela (se referindo para a garçonete), não é possível que ela não vá falar a verdade!

Não sei por que a testemulha, tomou partido com unhas e dentes acerca do causo, acho que ela, mais do que ninguém ficou um pouco “indignada” com tamanha a hipocrisia da moça que de jeito nenhum assumiu o seu erro.

Só para complicar o quadro caótico, eu, já me sentindo a “advogada”(?) de Bane, fui gritando pro gerente:

- Olha, não somos nós que teremos que acusar ninguém, nem é isso que queremos. Queremos apenas que vc resolva o caso, pegue o celular de volta, simples assim, sem confusão, sem escândalos, sem polícia!

Só para concluir, o celular finalmente apareceu, após uma conversa do gerente juntamente com as meninas, que foram as testemunhas e que se depararam frente a frente com a garçonete... mas apenas para lembrar, a garçonete teve mesmo a intenção de furtar, não era uma simples humilde que “por um acaso” pegou um celular num breve estado de necessidade, não, não foi assim, e esta conclusão foi tirada por nós, amigas, perplexas e unidas em prol da “defesa de Bane”...

Desfecho.

Situações como esta acontece todos os dias, em todos os lugares, em maior ou menor escala. Claro que este caso foi ínfimo, perante aos muito piores que acontecem por aí... mas o mais curioso foi que numa pequena demonstração pudemos avaliar vários sentimentos que permeiam quando se envolve um caso de furto como este.

Indignação, perplexidade, piedade, senso de justiça. Por um breve momento, nos sentimos “juízes” da situação afinal nenhuma de nós tínhamos o intuito de dar um castigo desproporcional ao crime, ainda mais num país como o nosso onde a polícia, a justiça e as leis são tão falhas, mas a verdade é que quando nos deparamos frente a um caso de injustiça temos que reparar, seja qual for a dimensão deste. O que é certo é certo, o que não é não é, independentemente da gravidade do crime, da classe social, da origem, enfim... Não será com a conivência e com o excesso de altruísmo que iremos resolver os problemas sociais, o problema é mesmo de BASE. Diga não à impunidade. Diga não às injustiças. Diga não à violência. Somente a Educação nos dará um senso crítico e conhecimento para discernir o que é certo e o que é errado, e quem sabe minorar as injustiças deste país.

Bjs

Rê.